O pequeno
Príncipe
Antoine de Saint-Exupéry
Veio-me a memória recordações
de um livro antigo de infância, mas que eu li já adulto, muito conhecido e
falado. Deu uma saudade do Pequeno Príncipe, da sua delicadeza de menino, sua
sutileza, a forma pura como enxergava o mundo e as pessoas e como ele, com a
aquele coração feito de um cristal cristalino achava os adultos tão
estranhos...
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O Pequeno Príncipe devolve a cada um o mistério da infância. De repente
retornam os sonhos. Reaparece a lembrança de questionamentos, desvelam-se
incoerências acomodadas, quase já imperceptíveis na pressa do dia-a-dia. Voltam
ao coração escondidas recordações. O reencontro, o homem-menino. Pela mão do
pequeno príncipe, recupera a meninice abrindo uma brecha no tempo, volta a
sentir o perfume de uma estrela, a ouvir a voz de uma flor, a ver o brilho de
uma fonte, escutar os guizos das folhas batidas pelo vento. Quebra-se por
momentos a crosta que generaliza o outro em todos e torna as coisas comuns e
iguais para se descobrir os carneiros dentro das caixas, os elefantes dentro
das serpentes. Uma leitura inesquecível para todas as idades.
O
que posso dizer do livro é que deveria ser obrigatório para todo mundo ter
e ler, e tenho certeza que mais cedo ou mais tarde muitos irão fazer isso. É a típica
história de criança que serve para todas as idades. Na verdade é uma história
feita para a criança que habita em nós.
A leitura
é muito rápida e profunda, não só pelas frases de impacto, mas sim por todo o
simbolismo existente no livro, que me fez pensar no quanto o amor é
inquietante, no quanto a amizade realmente é importante e mesmo se você tiver
no deserto poderá encontrar um amigo.
Livro de criança? Com certeza. Livro de adulto?
Também, pois todo homem traz dentro de si o menino que foi. Como explicar a
adoção deste livro por povos tão variados, em tantos países de todos os
continentes? Como explicar que ele seja lido sempre por tantos milhões e
milhões de pessoas? Como explicar a atualidade desde livro traduzido em oitenta
línguas diferentes?
Como compreender que uma história aparentemente tão ingênua seja comovente para tantas pessoas? O pequeno príncipe devolve a cada um o mistério da infância. De repente retornam os sonhos. Reaparece a lembrança de questionamentos, desvelam-se incoerências acomodadas, quase já imperceptíveis na pressa do dia a dia. Voltam ao coração escondidas recordações. O reencontro, o homem-menino.
E numa época onde o mundo fantástico nos ensina que para fazer a diferença é preciso ter poderes mágicos e força sobrenatural, uma história mostra que para fazer a diferença basta sermos nós mesmos, com nossas inquietudes, medos, sonhos, fraquezas, fragilidades e belezas. Acho que muitos - estão tentando salvar o mundo e esquecendo-se do que está a sua volta, do mundo interior, das pessoas essenciais e importantes de cada dia a dia. Esquecemos de sorrir, de ver as estrelas, esquecemos de simplificar, porque nos ensinaram que o complexo é elegante.
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