quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Eu não sei fingir

Eu não sei fingir que não dói quando a dor é o que eu sinto. Não sei esboçar um sorriso, quando a vontade de chorar é bem maior do que a vontade de sorrir. Não sei declarar sentimentos que não existem em mim ou que jamais estiveram presentes pelo menos por alguns instantes. Não sei morar onde não me sinto confortável e isso inclui amor e pessoas. Nem contar uma mentira para forjar felicidade. Não vou a lugares onde não quero estar e quase nunca faço aquilo que não gosto - só quando as circunstâncias exigem e, ainda assim, protelo ao máximo. Não tenho medo de ter medo, porque sei admitir que a minha coragem não é persistente. Às vezes amanheço sem coragem nenhuma. Sem esperança nenhuma. Sem fé nenhuma. Mas eu não desmorono por isso. Sabe por quê? Porque mesmo sendo imperfeita, a minha força não está naquilo que digo, mas naquilo que sinto. É o meu sentir que determina a minha verdadeira essência. E isso é o que me faz ser tão real quanto a própria realidade. Quem disse que a realidade é leve o tempo todo?

{Erica Gaião}

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

A LINHA E O LINHO

“É a sua vida que eu quero bordar na minha
Como se eu fosse o pano e você fosse a linha
E a agulha do real nas mãos da fantasia
Fosse bordando ponto a ponto nosso dia-a-dia

E fosse aparecendo aos poucos nosso amor...”

Gilberto Gil

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Sombras de mim


Existir ou Perecer?
Tantas e tantas vezes existe um dor sem nome que nos corrói e nos leva ao mais profundo dos poços, o poço do desespero, da saudade, das lembranças de um tempo perdido onde não há mais o que pensávamos existir, onde existe apenas sombras de um passado distante.
Muitos dizem que das sombras podem surgir algo, que delas podemos nos levantar, seguir adiante, nos guiarmos em um mundo de escuridão apenas com nossa luz interior, seguirmos tropegamente por caminhos tortuosos, caminhos nunca antes percorridos, que podemos caminhar mesmo estando feridos, sangrando profusamente. Realmente podemos?
Realmente podemos caminhar em um mundo onde tudo desmorona e somos parte desse mundo decadente, não o mundo exterior que caí, mas sim o interior, um mundo construído com tantos sacrifícios, perdas, dores sem nome, ferimentos e cicatrizes que nem mesmo nos lembramos à causa devida a dor sofrida, que nos traumatiza de tal forma que nos obriga a esquecer.
O passado não deixa de existir, não deixa de nos rondar, como antigos fantasmas. Sempre rondando com suas correntes amaldiçoadas, perseguindo seus carrascos que os tentam trancar em escuros porões da memória, que a cada instante tentam apagar seus corpos insanos e descabidos de uma força desconhecida e poderosa a qual damos o nome de passado, de ontem.
Como cúmplice nas noites sombrias e frias, nas quais somos atormentados pelos fantasmas do passado, em suas raias surgem outros fantasmas, ainda mais espectrais e difusos, o futuro, o amanhã.
Sendo ainda mais assustador, pois por mais terríveis que sejam os tormentos do passado, os conhecemos, conhecemos seus barulhos, suas feridas, suas formas, seus sangramentos. E o futuro? Como saber as suas formas? Seus ferimentos? Suas dores? Existe uma forma de nomear um ser sem nome? Uma mera miragem nas sombras da noite?
Sofrer por algo que nem mesmo veio atormentar-se por feridas que nem mesmo aconteceram. Qual dos fantasmas é o pior? O do passado ou o do futuro?
Não há palavras para descrever o quão vasto é o medo, as sensações nas noites escuras. O insano torpor dos híbridos tormentos humanos. Dessa vastidão que assusta exatamente por não se poder ver os limites, os limites dessa planície, totalmente desprotegido, açoitado pelos ventos, pelos doces ramos da brisa.
O vazio continua crescendo, continua ganhando seus espaço. Um buraco negro pode engolir a si mesmo? Tragar sua própria existência? Talvez nos portais do tempo o maior dos segredos seja tragar a si mesmo para o vazio do nada. Para o esquecimento eterno, e talvez seja simplesmente lembrar-se, lembrar-se de todos os momentos pequenos que nem ao menos nos damos conta de sua grande importância. Permanecermos eternamente presos em pequenos hiatos de boas memórias.
Um dia ainda poderei responder a essas perguntas. Mas agora apenas posso fazer as perguntas e quem sabe as perguntas certas possam me levar aos caminhos certos, a uma jornada que mesmo não obtendo as respostas posso obter o aprendizado, posso obter a mim mesmo.

Mesmo depois de todas as noites em claro


Mesmo depois de encontrar...
Chorar
Soluçar
Cantar aos céus

Mesmo depois de sorrir
Colorir os fantasmas
Descobrir as verdades

Ainda assim...
Depois de tudo
Nada vejo
Nada desejo
Nada sei

Por dias
Por anos
Sentei-me nos bancos da dor
Caminhei sobre as pedras do sofrimento
Naveguei nas águas do esquecimento
Sob a barca da solidão

Os ventos sopram a brisa da paixão
Os pássaros voam sob a força da vida
As raízes espalham-se pelas lembranças remotas

Existe mesmo o infinito?
O sonhar vibrante
A realidade tocável
O simples olhar do amor?

O beijar dos suaves acordes
O luzir de vozes míticas
O dançar sedutor da melodia

Olhar profundo
Sombrio...
Tangível...
Perturbador dos Mortais

Quem são estes seres
Vestidos com o fino manto da inocência
Trazendo o intocável véu da verdade

Banhado nas sombras da incerteza
Trajando o ego perturbado
O cingir da lâmina da mentira
Na lâmina do corpo
Aqui estou...

Para que trazem a mim
Este véu?
Não sabem que ao tocar meu pútrido ser
Definhará sob o olhar do arrependimento?

Um dia talvez...
Os elos se quebrem
A voz se desfaça
As correntes definhem
Um dia...

Neste dia tudo o que sobrará
Será apenas o
EU
O verdadeiro senhor
O verdadeiro deus
O verdadeiro Universo

Medo.

Acho que é essa a palavra exata neste momento. tenho medo. de que? não sei ao certo, de ser feliz, talvez.. ou talvez seja apenas insegurança. não sei. Eu queria acreditar, queria confiar, fechar meus olhos e ser levada. eu tento, mas tá difícil. mesmo.

De fato,

Sou uma metamorfose ambulante. Sim, todos os dias me surpreendo com as mudanças, minhas mudanças, coisas que nunca me imaginei fazendo, falando, pensando. O ontem me parece tão precário, falta pedaços, que hoje estão preenchidos, assim como me faltam pedaços hoje, que amanhã pode ser que se preencham, ou não. São pessoas, lugares, que antes eram inimagináveis , que fazem parte do que sou, do que penso, do que sinto, do que me tornei. Algumas vezes foi agradável, outras mais feliz, em outras doeu, muito, mas é isso que compõe o que chamamos de vida, a mistura de momentos e sentimentos num só lugar, ali onde ninguém chega, e que nunca poder ser esquecido.

Eu sei como é se segurar ,

É deixar para chorar só quando ligar o chuveiro, assim ninguém percebe. Eu sei como é refletir sobre a vida antes de dormir e se certificar de que ninguém está ouvindo para começar a soluçar. Eu sei como é sofrer tão dolorosamente que as vezes você precisa fingir que vai ao banheiro, ou beber água, apenas para lavar o rosto e se recompor. Eu sei como é ter os olhos úmidos e aquele medo de que não seja forte o suficiente para segurar as lágrimas quando está em público. Eu sei como é sentir aquele nó enorme na garganta, que se sufoca, até que você cede e chora. Eu sei como é sentar na cama, pegar o travesseiro e chorar tanto, mas tanto, que se surpreende com o rio que terá que esconder da sua família. Acredite, eu sei como é tudo isso.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Garotas Suecas "Não se perca por aí"



Não se perca por aí

Quando um dia você acordar
Com aquela dor no peito você vai lembrar de mim
Não leia um poema, não vá ao cinema
Baby, baby não se perca por aí...
E se um dia eu também me levantar
Querendo ouvir Roberto eu sei que vou me acostumar
E você também irá...
Quando um dia qualquer por azar
Você vira uma esquina e me encontra por ai
Não vale a pena fazer uma cena
Baby, baby não se perca por aí
E se um dia eu também te encontrar
Vou mudar de calçada, vou sorrir e disfarçar
E você também irá...
Quando um dia você acordar
Com aquela dor no peito você vai lembrar de mim...


 

domingo, 13 de janeiro de 2013

Saudade



“Saudade palavra doce que traduz tanto amargor!
Saudade é como se fosse espinho cheirando a flor.
Um longo olhar que se lança numa carta ou numa flor.
Saudade – irmã da esperança
Saudade – filha do amor...”

“Uma palavra tão breve, mas tão longe de sentir que há tanta gente que a escreve sem a saber traduzir...
Gosto amargo de infelizes foi como a chamou Garret, coração, calado dizes num suspiro o que ela é...
A alma gela-se de tédio enchem-se os olhos de ardor...
Saudade – dor que é remédio. Remédio que aumenta a dor...”


“A felicidade que faz muito barulho importuna os desgraçados.”

“Como é duro tirar da cabeça o que está no coração!”